sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Produção de ônibus cai 15,9%: economia fraca e inseguranças em licitações

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

ônibus
Ônibus urbano. Queda acumulada entre janeiro e novembro na produção de ônibus é de 15,9%. O segmento que teve o pior desempenho foi o de ônibus urbanos, com baixa de 19,1%. Foto: Adamo Bazani.
Produção de ônibus acumula queda de 15,9% no ano.
O pior desempenho foi o de veículos urbanos, reflexo da economia lenta e das obras de mobilidade que não saíram do papel, além da insegurança de investimentos em alguns sistemas
ADAMO BAZANI – CBN
A produção de ônibus entre janeiro e novembro deste ano acumula queda de 15,9% em relação ao mesmo período de 2013.
Enquanto que neste período de 2014 foram montados 32.334 veículos de transportes coletivo, de janeiro a novembro do ano passado, a indústria produziu 38.466 ônibus.
Os dados são as Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores e foram divulgados nesta quinta-feira, dia 04 de dezembro de 2014.
O segmento que apresenta o pior desempenho no ano, segundo os dados da entidade, é o de ônibus urbanos, com produção registrando queda acumulada de 19,1%. Entre janeiro e novembro deste ano foram feitos 26.072 urbanos contra 32.242 em semelhante intervalo de tempo no ano passado.
Já em relação aos ônibus rodoviários, o período entre janeiro e novembro de 2014 acumula uma ligeira alta de 0,6% com 6.262 unidades ante os 6.224 ônibus rodoviários do ano passado.
Há fatores macroeconômicos que podem explicar estes números, como a estagnação da economia brasileira ao mesmo tempo que a inflação e os juros da dívida pública crescem acima das metas da equipe do Ministério da Fazenda e do Banco Central.
Como ônibus não são apenas veículos e sim bens de capital, ou seja, produtos feitos para investidores, se o ritmo da economia como um todo estiver desaquecido, não haverá atividades que permitam um maior deslocamento de pessoas, tanto para o trabalho como para o lazer. Com uma menor demanda nas atividades econômicas em geral, menor também a disposição dos empresários em renovação de frota.
Mas no caso dos ônibus urbanos, há questões específicas que podem explicar porque o desempenho do maior segmento do mercado de transporte coletivo vai mal.
O setor diz ainda sentir o congelamento das tarifas, algumas cidades não reajustam as passagens desde 2011, por causa das manifestações de junho de 2013.
Mesmo com subsídios maiores, as empresas alegam que não há margem para grandes renovações de frota, já que estes complementos de receita servem apenas para absorver os aumentos de custos e, muitas vezes, não são suficientes para investimentos maiores. Isso sem contar que nem todos os sistemas contam com subsídios apesar do congelamento das tarifas.
Problemas relacionados a licitações de grandes e médios sistemas também influenciam nos números de renovação, venda e produção de ônibus em todo o País. Na Capital Paulista, onde circulam aproximadamente 15 mil ônibus e micro-ônibus, a licitação que exigiria renovação da frota, deveria ocorrer em 2013. Após as manifestações que cobravam mais transparência do poder público, foi contratada uma auditoria sobre as contas do sistema que deve ter o último relatório divulgado na semana que vem. Só após a análise deste relatório é que deve ser elaborado o edital. A licitação prevista para 2013, só deve ficar pronta em 2015. Com isso, uma renovação mais intensa foi adiada também. Já em relação a sistemas menores, como de Mauá, na Grande São Paulo, as dúvidas em relação à transparência do poder público afugentaram investidores. Após um processo polêmico de descredenciamento de operadores de transportes, foi realizada uma licitação que pelo histórico da relação da prefeitura com novos investidores que não eram os velhos empresários do ABC Paulista, atraiu poucos interessados. Não bastasse toda a insegurança que o poder público em Mauá ofereceu ao mercado, a meta de colocar 248 ônibus novos em 2014, não foi cumprida conforme prometeu o prefeito. O problema é que, de acordo com os profissionais do setor, Mauá é um exemplo de caso. Ou seja, as dúvidas em relação à isenção do poder concedente em Mauá num processo licitatório são semelhantes em várias outras cidades do País.
O atraso nas obras de mobilidade urbana prometidas até a Copa do Mundo, em junho, também influenciaram no desempenho dos ônibus urbanos no mercado. Sem a conclusão de novos sistemas, em especial de BRTs – Bus Rapid Transit, que são corredores exclusivos que possibilitam trânsito rápido de ônibus, não é possível comprar veículos urbanos mais qualificados e indicados para estes espaços. Também não houve condições para a compra de ônibus mais simples, alimentadores destes sistemas.
MÊS A MÊS:
De acordo com a Anfavea, entre outubro e novembro deste ano, a queda na produção de ônibus foi de 31,6%. Em outubro, a indústria produziu 2.695 ônibus e em novembro a queda foi para 1.844 unidades. Na comparação ente os dois meses, a queda maior ficou com os modelos rodoviários, que ainda acumulam pequena alta no ano. No mês passado foram feitos 407 rodoviários e no mês retrasado foram produzidos 976. Isso significa perdas de 58,3%.
Entre outubro e novembro, a queda nos números de fabricação de ônibus urbanos foi de 16,4%, com 1.437 urbanos montados em novembro ante 1.719 no mês anterior.
Já na comparação entre novembro deste ano e novembro do ano passado, a queda de produção foi de 44,4%. Enquanto em novembro de 2014, a indústria montou 1.844 ônibus, no mesmo mês de 2013 foram 3.315 veículos.
MARCAS:
Em relação ao ranking das marcas, a Anfavea traz os números referentes aos licenciamentos entre janeiro e novembro. No geral, houve queda de 15,2% nos licenciamentos de ônibus com 25.207 veículos ante os 29.721 ônibus vendidos nos onze meses do ano passado.
A Mercedes-Benz continua na liderança seguida da MAN/Volkswagen:
1) Mercedes- Benz: 11.759 ônibus licenciados, queda de 4% em relação ao período entre janeiro e novembro do ano anterior
2) MAN/Volkswagen Caminhões e Ônibus: 6.102 ônibus licenciados, queda de 25,7% em relação ao período entre janeiro e novembro do ano anterior
3) Agrale (incluindo os miniônibus Volare): 4.127 ônibus licenciados, queda de 22% em relação ao período entre janeiro e novembro do ano anterior
4) Volvo: 1.568 ônibus licenciados, alta de 4,3% em relação ao período entre janeiro e novembro do ano anterior
5) Scania: 984 ônibus licenciados, queda de 4,6% em relação ao período entre janeiro e novembro do ano anterior
6) Iveco: 615 ônibus licenciados, queda de 56,2% em relação ao período entre janeiro e novembro do ano anterior
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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